quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Livros sobre a família Buarque de Holanda serão lançados em João Pessoa

por Kubitsck Pinheiro


Correio da Paraíba, capa do Caderno Cultura

27 de outbro de 2009


Até o final o ano ou no inicio de 2010, João Pessoa estará entre as capitais onde vão acontecer o lançamento dos livros “Buarque uma Família Brasileira” de autoria de Bartolomeu Buarque de Holanda, com selo da Editora Casa da Palavra em dois volumes: um romance histórico, com 200 páginas e um ensaio histórico genealógico constituindo uma obra de referência com 1.200 páginas, encarte com fotografias e documentos dos séculos 17, 18 e 19.

Os livros, segundo o autor, são frutos de extensa pesquisa de mais de vinte anos, em 15.000 documentos pertencentes aos arquivos cartoriais da região sul de Pernambuco e norte de Alagoas. “Também focamos os Buarque que residem aí na Paraíba”, disse o autor.

A obra de referência,é apresentada pelo historiador pernambucano Evaldo Cabral de MeIo, autor de “O Nome e o Sangue”, entre outros e o romance, pela historiadora Mary DeI Priori, autora do bestseller, “O príncipe maldito” entre outros. No primeiro volume estão todos os descendentes dos nove filhos do Cel. Manoel Buarque de Jesus, filho natural do padre Antonio Buarque Lisboa, estabelecidos em Pernambuco a partir e 1745. São 23.717 descendentes.

Até onde e se sabe tudo começou com José Ignácio Buarque de Macedo, não é? “Sim, tudo começa em 1797 quando José Ignácio Buarque de Macedo quase morre afogado em um acidente durante uma pescaria na região norte de Alagoas, divisa com Pernambuco. Graças a um único segundo, deixou de abortar figuras como o Ministro da Agricultura do Império, Dr. Manuel Buarque de Macedo; o educador Manoel Ciridião Buarque que junto com sua filha Mary Buarque que trouxeram para o Brasil o método Montessori; o historiador Sérgio Buarque de Holanda, o filósofo Aurélio Buarque de Holanda e os atuais, Cristovam Buarque, Luiz Felipe Lampreia, Chico Buarque, Miúcha e por aí...” O curioso é que na obra romanceada, Bartolomeu abre o livro contando o início da colonização em Pernambuco com a chegada de Duarte Coelho e as pessoas que o acompanharam, dentre eles, Arnau de Hollanda que veio para o Brasil em 1535 e casou-se c m Brites Mendes de Vasconcelos. “Seus descendentes se entrelaçaram com quase todas as famílias estabelecidas em Pernambuco. Fizemos uma abordagem sobre este período, depois começamos a falar do início da colonização em Porto Calvo com Cristovam Lins, os conflitos com os Holandeses até chegar ao seu bisneto, Bartolomeu Lemos Lins, cuja filha tem três filhos naturais com o padre Antonio Buarque Lisboa, já no século 18”, justifica.


Pesquisa

Livros são frutos de extensa pesquisa de mais de vinte anos, em 15.000 documentos.

Personagens escravos

As histórias têm alguns personagens principais e o ponto mais forte do romance é a figura feminina Maria José Lima, ex-escrava e analfabeta, que vem a ser mãe do ministro do Supremo Antônio Buarque de Macedo Lima, avó do ministro da Agricultura Manuel Buarque de Macedo, bisavó do educador Manuel Ciridião Buarque, trisavó do historiador, Sergio Buarque de Holanda, e tetravó de Aurélio, Cristovam, Miúcha, Chico e pentavó da cantora Bebel Gilberto.

Em se tratando de uma família de artistas e intelectuais, todas as atenções estarão voltadas para o evento que deverá reunir público interessado em pesquisa ou curioso pelo desfecho da saga dos Buarque de Holanda. Não é à toa a bela canção de Chico Buarque, que dá inicio a um pequeno histórico da família na canção “Paratodos” com o verso “O meu pai era paulista, meu avô pernambucano, o meu bisavô mineiro, meu tataravô baiano ... “

De volta ao começo

Em 1978, quando o autor tinha apenas 19 anos foi a São Paulo visitar o historiador Sérgio Buarque de Hollanda e ali mesmo começaram as primeiras inquietações e curiosidades. No Rio de Janeiro, as longas conversas com Cecilia Jayme e Aurélio Buarque de Holanda motivar Bartolomeu a dar inicio à pesquisa. “Essas conversas animadas despertaram-me o interesse de conhecer um pouco da vida cotidiana de nossos antepassados”, disse. Em 1980, retomando ao Nordeste, ele deu inicio as primeiras pesquisas em fontes primárias, tais como livros de batismo, casamento e óbito de igrejas e, nos cartórios, os testamentos, inventários, livros de notas, escrituras de compra e venda e cartas de liberdade.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

BUARQUE, UMA FAMÍLIA DO TAMANHO DO BRASIL



Jornal do Comércio (PE)
por Flávia de Gusmão

É tudo família. É tudo boa gente. E não é mera força de expressão. Que o diga o economista e pesquisador Bartolomeu Buarque de Holanda, alagoano radicado no Rio de Janeiro que, por mais de 20 anos, se embrenhou numa pesquisa que resultou num calhamaço de 1400 páginas e que finalmente sera lançado hoje, às 19h, na Livraria Saraiva, com o selo da Editora Casa da Palavra. A obra Buarque, uma família brasileira é dividida em duas etapas. No primeiro volume, o autor narra de forma romanceada a saga desta família. No Segundo, uma pesquisa de fôlego nos dá conta de consultas feitas a 15 mil documentos. O prefácio é do historiador pernambucano, Edvaldo Cabral.

Graças à sua meticulosidade, Bartolomeu Buarque de Holanda desembaraçou uma das mais intrincadas árvores genealógicas do País. Ao puxar o primeiro fio da meada, no final da década de 70, numa conversa informal com parentes sobre a “quase morte” por afogamento de seu tetravô, José Ignácio Buarque de Holanda, o autor se meteu num labirinto de entrecruzamentos familiares que apenas confirmava o que já havia sido pontuado pelo sociólogo Gilberto Freyre: “Os casamentos consanguineous foram comuns no Brasil não só por motives econômicos fáceis de compreender, um regime de economia particular, como sociais, de exclusivismo aristocrático”.

Ao lembrar do acidente que quase vitimou seu antepassado, Bartolomeu raciocinou que, se o desfecho tivesse sido fatal, o Brasil não conheceria as frases perfeitas de um Chico Buarque, não consultaria as páginas de um Aurélio, não conheceria a História pelas mãos de um Sérgio. Isso para falar apenas em um dos núcleos desta família expansionista. A família Buarque, da qual trata o livro, misturou-se a quase todas as famílias, num raio de ação que começa em Maragogi, Alagoas, finca raízes em Porto Calvo, no mesmo Estado e daí se espraia para todo o país. Holanda, Pinto Guimarães, Macedo, Borja, Nazareth Lima, Cavalcanti, Schiller, Benchimol, Santa Maria, Barbosa Quental, Planet, Burlamaqui, Palmeira Lampreia e Gusmão são alguns de sobrenome que se combinaram aos Buarque.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

ELOGIOS A BUARQUE



Revista Caras. Edição 734

Preto no branco: Mariana Ximenes (26) está integrada agora à história do clã Buarque. Casada há seis anos com o sócio da Conspiração Filmes Pedro Buarque de Hollanda (41), o nome da atriz faz parte de um dos 23 717 verbetes do ensaio histórico- genealógico Buarque: Uma Família Brasileira, escrito pelo economista Bartolomeu Buarque de Holanda (49). "Esta é uma família com muitas histórias bonitas. Algumas, eu já conheço, mas espero saber muitas outras pelo livro", disse Mariana, abraçada a Carlotta Buarque de Holanda (97), a avó do marido a quem ela também chama carinhosamente de "vó", na noite de lançamento da obra, na livraria Saraiva, em Botafogo, no Rio.
"Durante 20 anos, eu pesquisei mais de 15 000 documentos. Há personagens muito fortes, em especial as mulheres", contou o autor, primo em segundo grau porparte de avó paterna do compositor Chico Buarque (63).

No livro, Bartolomeu mostra a saga do clã Buarque desde a chegada do primeiro integrante da família ao Brasil - o padre Antônio Buarque Lisboa, filho de holandeses estabelecidos em Portugal -, em 1797, até o nascimento de Luiza Buarque (10 meses), neta do senador Cristovam Buarque (63). "O Bartolomeu não encontrou nenhum Buarque muito rico nem muito pobre, mas conseguiu achar alguns loucos e uma forte tendência à intelectualidade na nossa família", afirmou o político.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

A saga da família Buarque de Hollanda

Publicado na revista ISTOÉ.


Por Francisco Alves Filho


O compositor Chico Buarque de Hollanda e seus olhos cor de ardósia nunca existiriam se o corajoso Arnau de Hol-landa não tivesse embarcado na caravela que o trouxe de Portugal para o Brasil, em 1535. O marujo foi o marco inicial da família do compositor. Personalidades como o historiador Sérgio, o filólogo Aurélio e tantos outros Buarque de Hollanda também devem sua existência ao tripulante da nau que Duarte Coelho comandou para ocupar sua capitania. A descrição dessa linhagem, dos tempos coloniais até hoje, está em Buarque – uma família brasileira, de Bartolomeu Buar-que de Holanda (Casa da Palavra). São dois livros (um ensaio histórico-genealógico de 1.200 páginas e um romance de 200 páginas), resultado da pesquisa de 24 anos em mais de 15 mil documentos. Enquanto conta a saga dessa família repleta de personalidades importantes, o autor vai revelando aspectos pouco conhecidos da história do Brasil. A genealogia ganha ares romanescos e vice-versa. O padre cujo amor à sinhazinha o leva a largar a batina, o senhor de engenho que se casa com a escrava e o ministro que agoniza sob os olhos do imperador, são alguns dos casos relatados.

A própria pesquisa de Bartolomeu é uma aventura. Ele vasculhou diários e arquivos de cartórios brasileiros, a maioria na região sul de Pernambuco: “As condições de conservação dos documentos são péssimas. Diversos papéis foram consumidos pelas traças ou se extraviaram.” A documentação relativa ao período de 1670 a 1750 simplesmente sumiu. Ele também foi à Universidade de Coimbra, ao Arquivo Ultramarino e à Torre do Tombo, em Portugal. A começar pelo próprio Arnau, oriundo dos Países Baixos e sobrinho do papa Adriano I, os Buarque de Hollanda fascinam. Arnau teve papel importante na implantação da capitania em Porto Calvo, nas Alagoas. Primeiro representante dos Hollanda, ele chegou ao Brasil 180 anos antes do primeiro Buarque. A união das duas vertentes aconteceu em 1850, quando Manoel Buarque de Gusmão se casou com Maria Magdalena Paes Barreto de Hollanda Cavalcanti (a partir daí, cada um foi grafando o Hollanda a seu bel-prazer, com um ou dois “l”).


O ramo mais recente da família descende da união do poderoso senhor de engenho José Ignacio Buarque de Macedo com a escrava Maria José. Os dois se casaram em 1797 e, apesar de analfabeta, ela deu prioridade à educação dos filhos. Um deles, Antonio, tornouse conselheiro e ministro do Supremo. O neto, Manoel Buarque de Macedo, foi ministro da Agricultura do Império. O romance termina justamente no falecimento de Manoel, durante a inauguração da Estrada de Ferro Leopoldina. Entre os que o visitaram em seu leito de morte estava dom Pedro II. “Alteza, eu morro pelo meu trabalho”, teria dito ele. Descenderam também dessa união personalidades de destaque da nossa história recente. O historiador Sérgio Buarque de Hol-landa, autor de Raízes do Brasil, é trineto – e foi o primeiro a tirar um “l” do sobrenome. O filólogo Aurélio, autor do dicionário Aurélio, é tetraneto, como o senador Cristovam e o compositor Chico Buarque.


De outros ramos recentes também despontaram figuras importantes como Luiz Felipe Lampréia, ex-ministro das Relações Exteriores do governo Fernando Henrique, e Pedro Parente, ex-ministro do Planejamento na mesma gestão. Representante da 12a geração, formado em ciências econômicas e pesquisador por pura paixão, Bartolomeu leva ao extremo o interesse genealógico que Chico Buarque esboçou na música Paratodos. O artista relaciona: “O meu pai era paulista/ meu avô, pernambucano/ o meu bisavô, mineiro/ meu tataravô, baiano...”. Parou por aí. Afinal, nenhuma música reuniria os 8.213 ascendentes que fizeram da família Buarque de Hollanda um resumo vitorioso da miscigenação caraterística de nosso país

Lançamento em Recife.
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